terça-feira, 19 de julho de 2011

fragmento salvo no celular

quando a barra do vestido dela bateu em meu olhar era porque eu estava no chão. a poeira que ela fez voar fez casa no canto do meu olho direito. cada vez que eu choro é lama que desliza pelo meu rosto e cai na minha boca. o gosto do chão é impossível esquecer. eu carrego ele no ver.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

cansa

para N.S.
todos nós e as nossas frases feitas. irrigam a nossa falta de ter o que dizer. acalmam nossa alma por um breve instante. fazem chegar a alguém um pouco da gente que nem é parte da gente. ah, as frases feitas! ah, os discursos prontos, colados e copiados. ah, a falsa crença em algo que há muito está morto. e mesmo assim continuamos repetindo. andando de um lado para o outro sem saber o porque. encontrando nos outros um simples sentimento, que acreditamos ser sentimento por não saber que outro nome dar. e a gente se repete desde sempre. e toma isso como novidade. talvez eu esteja esperando algo que não seja humano. e só de esperar por isso, eu sou humano. e entro nesse fluxo constante de repetições, frases feitas e contra propostas. e aí eu faço parte de algo. e como isso cansa.