terça-feira, 25 de janeiro de 2011

fone

Passagens de imagens rápidas e caóticas – ou lentas e não menos caóticas - dentro de um determinado espaço são acompanhadas pela trilha sonora a sua escolha. Dependente do seu humor e da sua vontade de viver naquele dia. Seria algo como querer traçar uma linha paralela à sucessão de imagens que invadem, por exemplo, nossa visão ao olharmos pela janela do ônibus. E essa linha paralela surge exatamente da necessidade de pular essa parte monótona da vida que é ir de um lugar ao outro. De um compromisso a um bar. Da escola pra casa. Da casa pro trabalho. Assim se conduz a façanha de poder colocar fones de ouvido e seguir viagem. Escutar talvez rime com o que se deixa escapar de tempo de vida nesses momentos de transporte em que se deseja rapidamente a existência de um tele transportador. Mas não seria também viver, esse momento em que as coisas que acontecem ao nosso redor se alinham com as batidas da canção preferida e se forma algum tipo de contemplação? Ou talvez estejamos de olhos abertos, porém sem contemplar nada nem ninguém. E para os que não possuem fones ou não gostam de ouvir música com aquele singelo dispositivo no ouvido há quem se proponha a impor a trilha sonora que bem entenda para que todos compartilhem de seu bom ou mau gosto – tanto faz – musical. E aí o percurso pode se tornar ainda mais longo pra quem tem pressa de chegar ao destino e preferia dez mil vezes apenas trilha de buzinas ou osumiço dessa parte da vida que constitui a espera.

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