terça-feira, 28 de setembro de 2010

je vais partir
à ton coeur
je vais sortir
de ma peur

je ne sais pas comment écrire
je ne sais pas comment sourire
j'écris à l'infinitive
parce que c'est plus facile

et tout que j'ai écrit
ce n'est pas grande chose
parce que la plus grande chose
c'est toi

domingo, 26 de setembro de 2010

Carlos Minguado - Carta 5

rua do sol, 05 de abril de 2012
bom amigo,
sei que entendes um pouco sobre os amores e sobre as paixões. já eu, de nada entendo. talvez pudesse existir um curso certo pelo qual seguir. onde não se tropeçasse. mas pra mim, apaixonar-se é sempre ficar vulnerável. creio ainda que ficar assim já é estar em desvantagem. às vezes desejo ser frio. desejo não me importar. mas qual seria a graça de não sofrer. atualmente, trabalho numa fábrica. nessa fábrica ajudamos a fabricar falsos corações. arranjei um para mim. lhe envio outro. é um experiência um tanto estranha. uma felicidade esquisita é a de ter um coração que diz ao pé do ouvido do seu coração pulsante que te quer. porque se sabe que aquilo é programado. creio que me apaixonei pela máquina que criamos aqui. quem sabe um dia eu retorne à casualidade de encontrar um coração de verdade, não fabricado sob encomenda, mas que me queira ao mesmo tempo que eu o quero. por enquanto fico com esse falsificado. como ele nunca estou em desvantagem. como ele não sinto vontade de fugir. com ele não fico pensando o dia todo se ele está pensando em mim, pois li o manual de instruções, e sei que lá dentro dele, pelas configurações que me foram indicadas tracei as coordenadas para que ele goste só de mim. hoje em dia parece que não é vergonha nenhuma admitir que me apaixonei por uma máquina. com ela só tenho certezas. mas descobri que até esse coração tem validade. como sempre tudo acaba. talvez eu já esteja velho quando a hora de ele parar de pulsar por mim chegue. essa é a única surpresa da máquina. não sei a hora que ela vai me deixar. talvez para manter uma sensação de aventura fazemos ela com esse característica. como já disse lhe envio uma amostra grátis. use-a ou jogue-a no lixo. mas depois não se arrependa, porque pode ser que quando você for procurá-la algum vagabundo já tenha tomado para si. a esperança nunca morre. quem sabe um dia um coração natural...

abraços,

Carlos Minguado.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

às vezes um certo pensamento vem à mente: quanta maldade já não foi praticada nesse mundo entre os seres humanos? quanta injustiça. quantas vezes se matou a inocência. quantas vezes as pessoas pisaram umas nas outras. quantas vezes? e não há resposta...e fico meio sem esperança...e depois por algum tipo de defesa esqueço que pensei nisso e volto à 'normalidade'.

li um texto. corajoso para dizer o mínimo. o link tá logo abaixo:
http://scapilogico.blogspot.com/2010/09/pesadelo-de-infancia.html

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

loucura egoísta

minha loucura é mesquinha. egoísta minha emoção. assim eu me sentia sobre tudo ao meu redor. assim eu divagava. então tentei mais uma vez entender. continuo sem entender. o que eu sinto é só meu. egoísmo.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

17 de setembro

a música sobe.
olhos se dirigem às mãos.
olhos se dirigem aos olhos.
sinto meu coração acelerar.
olhos nos olhos.
movimentos de preparação.
dedos nervosos, mas não tanto.
mais música.
vento.
sol.
terra.
olhos olhos olhos.
mãos mãos mãos.
coração.
respiração.
poderia estar falando de quando estou perto dela ou pensando nela ou imaginando estar com ela.
mas estou falando do western que acabei de ver.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

caderninho

num caderninho anotei tudo que fiz.
num caderninho anotei o que quis.
num caderninho anotei os amores que tive.
num caderninho anotei os trabalhos que tive.

num caderninho escrevi meus poemas.
num caderninho anotei meus afazares.
num caderninho repeti fonemas.
num caderninho desatei prazeres.

mas num belo dia o caderninho perdi.
e na manhã seguinte já não lembrava o que escrevi.
de noite comprei outro caderninho.
e comecei uma nova história sozinho.

até que as páginas amarelem.
ou até que eu canse de escrever.
ou até que perca e me congelem.
ou até que morra de viver.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

latente

Para R.P.C.

prazeres latentes
tornam minha alma ausente
lembro das putas que nunca conheci
e das fronteira que jamais vou parir

encontro em teu corpo loções que fedem
e em teus suores amores antigos
mas esqueço que já foste um dia feliz
então peço a Deus que perdoe o que eu fiz.

69º post.
sigam os prazeres

domingo, 12 de setembro de 2010

do riso

quem aqui já me viu sorrir? perguntou o mestre. todos balançaram a cabeça negativamente, com o mesmo gesto que seus ancestrais desenvolveram em tempos que hoje ninguém mais lembra. pois bem, continuo o mestre, não rio porque o riso distorce minha face, me torna horrendo. o riso faz de mim um ser baixo. o riso me deixa transparecer o animal que vive dentro de mim. e que animal seria esse? perguntou o mais jovem da turma. não importa qual é o animal, o que importa é que ele existe e que nunca deve aparecer, mantenha- o trancado. mantenha-o de boca vedada. mantenha-o vendado. que ele nunca enxergue a luz, essa foi a explicação do professor. então o jovem se levantou, piscou duas ou três vezes, muito rapidamente. lá fora caia uma chuva que passando pela luz que vinha dos postes parecia parar no tempo. os pingos caiam devagar. na sala fechada, num milésimo de segundo o menino esticou a ponta de direita dos lábios. em outro ele esticou a ponta esquerda. no outro o branco dos dentes apareceu. no outro ele gargalhou. no outro a língua apareceu. no outro todos na sala tinham virado vermelho. a sala tinha se tornado vermelha. tudo era sangue. tudo eram corpos retalhados. daí o animal dentro do jovem se fechou logo atrás do sorriso que se desfazia. ele abriu a porta. saiu. pensou: talvez eu deva me matricular em outra aula. lá os pingos amarelado passavam devagar e alguém os olhava do ônibus.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

falta

juca tinha dois amores
juca tinha três amores
juca tinha quatro amores
juca tinha cinco amores
juca podia ter quantos amores fossem
mas essa conta começou com dois
o primeiro ele nunca poderia ter
e por isso ele era triste
sem primeiro amor
acabou

terça-feira, 7 de setembro de 2010

mensagens indecifráveis

eu tinha meu ponto de encontro com ela. meu ponto de encontro não era qualquer lugar. era todos os lugares. esses lugares não eram lugares de verdade. esses lugares estavam decompostos dentro do meu cérebro ou para muitos no coração. no coração eles se dividiam em partículas que transmitiam ondas cerebrais que pareciam serem ignoradas por elas. essas ondas corriam solitárias, mesmo juntas, vário metros de distância. tentavam alcançar os pensamentos dela. tentavam decifrar os sentimentos dela. em vão. meu ponto de encontro com ela era debaixo de uma árvore. mas nesse encontro era só eu que estava presente. com telepatia unilateral eu tentava me conectar com ela. com o coração quase saindo pela boca eu tentava me comunicar com ela. houve dias em que pensei demais. transmiti ondas cerebrais demais. como era bom me sentir assim, ainda que as ondas se perdessem no espaço. ou pelo menos parecia ser o que acontecia. não faltou exposição de minha parte. mas tive que conter a minha boca. tive que deixar o silêncio falar mais alto. e não sei bem por que. não sei bem nem porque escrevo isso. talvez seja mais uma onda perdida. talvez mais uma mensagem indecifrável na verdade mais explícita que todas as minhas mensagens cerebrais. e já não me importo se o que chegou foi compreendido. percebi que escrevi demais. agora aguardo uma resposta. que talvez venha em ondas reversas e passem despercebidas. mas permaneço nos pontos de encontro ainda que eu esteja em apenas um. pois assim se divide o coração. e assim trabalha a mente.

bons sonhos.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

mudeza branca

- por que você só anda vestido de preto?

- não sei.

- tem alguma coisa a ver com luto?

- tem sim.

- e tem algo a ver com você gostar da cor?

- tem também.

- e o calor, tem algo a ver com isso?

- claro que tem.

- hum, ao que me parece você é cego.

- e por que?

- porque você não usa roupas pretas, usas brancas.

- talvez eu seja cego então.

- mas você usa roupas pretas?

- uso, todo o dia.

- e por que?

- não sei.

- você definitivamente é cego. agora você está usando uma roupa rosa.

- hum, cego.

- outra vez usando preto?

- não, dessa vez uso azul.

- você está usando preto.

- eu sou cego.

- e talvez eu esteja perguntando demais.

- talvez.

- eu só uso branco.

- mas você está de verde.

- hum. estou.

- então você também é cego. na verdade você está de branco.

- então ambos somos cegos?

- ambos falamos demais.

- é melhor ser mudo então.


-


-


-



-



-



-




-



-



-



-



-





-

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

do frio

o frio me atrai.
o silêncio marca onde deveria ouvir voz.
a beleza permanece a mesma quando olho apenas por reflexo?
meu olhar envergonha.
vontade não me falta de usar o telefone.
medo não tenho.
talvez algum receio.
mas tudo tende a melhorar.
senão melhorar, ou se acostuma ou vira a página.
mas o frio me atrai cada vez mais.