quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

bom, começou o fim do ano e esse creio que será meu último post do ano para quem ainda se arrisca a ler este pequeno blog e para mim mesmo.
retrospectiva: quantos corpos você almoçou esse ano?
sentado à mesa sozinho ou junto com a família. na tv o bom e velho jornal Hoje. e oq eu se passa a cada frame? CORPOS e mais corpos. uma verdadeira carnificina. degustante não? tá dando fome ?
é muito sangue. e ele se mistura ao sangue da parte do boi que está sobre a mesa. pode ser um filé. pode ser uma carne de 2ª ou até nenhuma carne. mas o sangue está lá.
Você almoça com os mortos ou almoça os mortos?
quantos assassinados?
quantas catástrofes?
quanta comida!!!
a tela te serve o que te mantém de boca aberta pra comida.
a mesa te oferece algo que você nem olha...prefere a tela...a tela prefere os mortos...se estômago se acostuma com os mortos...você já tem estômago pra comer cada vez mais corpos e cada vez mais sangue...e tudo se mistura..e a tela é a vida..e a vida vira morte..e a morte comida...a comida vira vida...e o ciclo persiste...e a mesa está posta... e nós estamos sempre a postos pra comer com a boca e com os olhos... com a cabeça nem pensar...só com os olhos...
que 2008 seja melhor...mesmo que não seja melhor...muita fartura....se alimente bem...e não esqueça de exagerar porque tem sempre um sonrisal ou um estomazil sempre à espera de mais um estômago cansado pra curar.

Fliez 2008
e tudo continua inconsciente e exagerado e bem nem tanto abstrato....

domingo, 18 de novembro de 2007

tá sempre ventando contra minha janela transparente. ela sendo transparente o que eu quero dizer na verdade é que tem uma que não é transparente. e ela está logo atrás da transparente. nesta também venta o vento. mas nesta que eu acabei de falar nunca tá frio. ela não esfria. enquanto a transparente sempre que a toco parece um gelo. e se alguém me diz que está feliz é porque deve estar de verdade. e então eu caminho até a janela toda a noite. ela nunca esquenta. é feita de vidro semi boleado. é transbordada de pouca transparência. na verdade ela não é transparente, ela é deformadora. enquanto eu escrevo isso já escutei a mesma música três vezes. mas por que escrever sobre uma janela semi-boleada, nenhum pouco transparente e deformadora? nem eu sei. mas acho que tudo está ligado através de uma corrente incessante. eu escrevo. eu leio. alguém mais lê. e alguém pode até ouvir a mesma música que eu estou ouvindo. é o mesmo contexto mas é diferente. é sempre um domingo sem sol quando eu tento pensar num futuro melhor. isso é bom porque o sol costuma queimar a vista por aqui e com a vista queimada quem poderia enxergar um futuro melhor ou pior? acho que pra isso que serve a janela, pra enxergar o futuro! seja deformado ou transparente. e acabou a música.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Quem acenderia uma vela para balzac?

talvez um francês...quem sabe eu próprio acenderia...caso faltasse luz... adiantaria os dois lados...uma vela pelo Balzac e consequentemente um pouco de luz para quem deseja apenas escrever...escrever necessita de luz...luz simplesmente...eu preciso enxergar o que escrevo...alguns escrevem com a própria luz...supostamente, ninguém precisa pedir nada a Balzac, a não ser algum menino levado de um certo filme francês...sabe Deus por que a mesma vela que ele acendeu guiou o fogo através de algo inflamável...e quase causa uma tragédia...palavras são muitas...luz tem muita....Balzac, só um...eu sou só um...tá tudo na ponta da minha caneta...basta eu me sentar...olhar prum lado....e ir em frente..a luz me guia...o papel também sou eu...posso até pegar fogo um dia..ir pra lata do lixo...mas nunca deixem me tampar lá dentro...do escuro eu não gosto...do escuro eu tenho medo...

Que Balzac nos ilumine e abençoe.

inconsciente?... o tempo todo...
abstrato?...você que sabe.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

ainda sobre cores....

Novamente no meu quarto. Tentei colocar naquele lugares em que se podia colocar algo, alguma cor. Tentei misturar. Jogar daqui pra lá. Tudo sobre um pedaço de papel velho ou novo, dependendo do ponto de vista. Era de ontem. Logo não era tão velho, mas já não era tão novo já que já existia o de hoje. Mas voltando as cores. Eram pouca as que eu tinha em mãos. Eram poucas e em pouca quantidade. Estavam se esgotando. E aqueles lugares permaneciam vazios. Vazios de espírito. Sei que eles podiam ainda vir a significar algo. Que quer que fosse. Poderiam ser alguém ou algo. Uma materialização de algo que estava no ar por muito tempo resolveu desanuviar as nuvens que pairavam sobre minha cabeça. É. Pluviosidade da mente. Choveu algo até então suspenso. Suspense. Num filme que via. Num livro que lia. Num texto que escrevia. Na cara de alguém que previa uma má noticia. E elas vêm em enxurradas. Vem como aquelas quantidades enormes de lama que caem das encostas em período chuvoso. Assim como elas muitas vezes levam vidas. Levam morte. Tudo que tem pela frente ou por qualquer lado. Lama. Lama. Lama. Nada mais importava. Só o desenho que começava a brotar. As cores que faltavam pediam para serem completadas por outras. Já sentiram o timbre das cores? Elas têm timbre. Elas falam com você. agora meu quarto tem novo quadro na parede. Pintado pelas cores que agem cooperativamente. Sem medo de ajudar a outra carente. Mas será que é só ajuda ou na verdade ela busca um destaque maior? Ostentar mais tarde – quem sabe daqui a alguns anos ou daqui a semanas numa lata de lixo – que ela ocupou maior espaço. Que ela tinha mais o que dizer no sue timbre adequado. Cada uma tem o seu momento. Às vezes sobram espaços para uma. Esta se sobressai. É aí que entram em ação seus ouvidos oculares. Ouça nos espaços vazios a cor que lá deveria estar. E principalmente: ouça no excesso de uma cor qualquer a cor que lá deveria estar, mas que por algum motivo faltou ao seu lugar.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

bukowski é lindo.
lynch tem se mostrado maluco.
eu penso em tcc.
penso em ter que trabalhar.
sabe, tudo se mostra muito repetitivo.
acho que eu já sabia que seria assim.
mas ainda assim é triste.
muito se fala.
muito se teoriza.
que que eu faço pra mudar?
olhei pra um cara na minha frente com um tênis da nike.
pensei na fetichização do produto.
aquele produto tem toda uma história de exploração do mão-de-obra barata.
mas no final ele tem vida própria.
vale o estilo e o status.
quis criticar.
foi aí que eu olhei pro meu pé. meu tênis era nike, também.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

continuação

quebrando as paredes encontrei um fosso.
entrei nele.
caí proxímo a uma árvore.
lá me deitei.
tinha um pouco de grama.
encontrei aquele velho mendigo.
encontrei as moscas.
os cães. os gatos.
e por fim a escuridão.
ma snão era o fim.
uma luz se aproximou.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

entre 4 paredes

ser engolido por uma parede.
já pensou?
é assim se sentir dentro de algo estranho, maciço.
as moléculas por lá ainda se mexem. cargas elétricas se trocam.
e um ser vivo humano lá dentro interligado com essa loucura em movimento e ainda sim parada.

depois passar pra uma segunda parede.

é assim que acontece. um dia num lugar. depois dentro de outro lugar. e depois de outro.
e sempre fazendo ligações moleculares. e trocando elétrons.
uma hora é a parede que está pensando por você. chega uma hora que não dá mais pra pensar.
chega uma hora que a hora de parar. e aí que tento sair. mas não consigo. me reviro. me bato. chuto. soco. e nada.

eis que surge uma terceira parede.

pareço nadar lá por dentro sem previsão de chegada.
e assim eu vou. assim você vai.
e isso não é uma visão pessimista. muito menos realista. e sim uma visão surrealista.
é.
tá acima daqui.
sei lá também.
vai que pode tá embaixo daqui.

e a quarta parede sem sorte de sair.
to dentro do meu quarto.

Isso foi muito abstrato e até estranho demais. Inconsciente.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Mensagem de um lugar que misturou meus sentidos

De Algum lugar escuro, alguma dia de um mês depois do mesmo ano - eu acho

Ai que eu ando por aí. E tem cães com moscas rodeando suas cabeças cheias de feridas e de um outro lado eis que surgem gatos prontos pra atacar os cães que estão por ora indefesos. Mas aí que como se tivessem sido dotadas de uma capacidade de fermento como dos bolos, como os que minha mãe costuma fazer nos aniversários, as moscas começam a se estufar os peitos e passam a crescer se tornado maiores e maiores. E seus olhos múltiplos cada vez mais múltiplos. E seu zumbido cada vez mais zumbido. E eu cada vez mais tonto. E elas voando e voando. E zumbindo. E engolindo os cães. E os gatos miando e sendo engolidos. A essa altura os cães não tinham mais força pra latir. E as moscas dominam o ambiente. Rodam cada vez mais rápido. Passo a enxergar minha vida em suas asas. E passa por demais rápido. E queima mais rápido ainda. E essas asas me apresentam uma tal de uma porra de sinestesia que me confunde os sentidos. Eu sinto o cheiro doce. E sinto cheiro doce é sinal que minha boca virou nariz ou vice-versa. Sinto a pele de minha amada como se a tocasse com os olhos. Então sendo assim enxergo com a pele. Passo a ouvir um som amargo. Meus ouvidos viraram bocas. Nessa conta maluca tenho mais bocas que qualquer outro órgão de meu corpo.
Uma figura estranha agora sou. E as moscas dão o nome daquele que me botou esse feitiço sisnetésico: o poeta. Figura singular que agora se encontrava em extinção. Agora via a história do mundo diante de meus olhos. Via os poetas sendo mortos. Alguns se refugiando. Os zumbidos cada vez mais zumbidos. Os ventos das asas cada vez mais rodopiantes e enlouquecedores. E minha vida. Essa passou rápido demais por entre as histórias dos reis e profetas e poetas e músicos e construtores civis. Minha vida era, então, menor que a vida destes que construíram algo. Eu construíra o que? Quase nada. Quem sabe construíra a asa das moscas que agora me infernizavam os pensamentos e sentimentos através de um processo que eu mesmo inventara: a abiogênese. Eu jogava algo sujo e eis que surgia uma mosca. Eu devo ter jogado muitas coisas sujas. As moscas são muitas e são enormes. E elas vieram me cobrar por tê-las criado. Ai que eu caio num buraco. Que não era buraco. Era algo como um olho de furacão. Veja que até o furacão tinha olho, e eu com quase tudo sendo boca e querendo sentir gosto em tudo. Eu caia e não parava de cair e nem dava sinais de que ia parar de cair. Então veio o silêncio. O julgamento talvez tivesse acabado. E eu tinha sido condenado. Agora meus olhos eram olhos. Meus ouvidos eram ouvidos. Meu nariz sentia cheiro. Minha pele queria te sentir. Só minha boca que sumira. Onde estava? Como sentiria gostos? Na verdade preferia meus olhos terem sumido já que agora estava em um ligar muito escuro e não precisaria mais deles.
O pior de tudo era querer gritar. E só pode fazer isso dentro de minha cabeça. Nem zumbido de moscas. Nem miados. Nem latidos. Nem estava mais andando. Que condenação! Escuridão sem boca. O por que? Pergunte as moscas. Faça isso por mim! Já que não posso mais falar e nem selar com um pouco de saliva esta pequena mensagem que mando do escuro. Sem saber se escrevo nos lugares certos. Nem se estou mesmo escrevendo. Mas só lhe peço uma coisa. Quando encontrares essas moscas pelo caminho vá para o lado dos cães, de alguma forma eu acho que mesmo sem latir eles podem te ajudar. E não se espante ao descobrir que talvez o seu lugar escuro pode não ser tão escuro. E que sua boca talvez permaneça com você. É que às vezes eu ainda ouço uns zumbidos. Elas não recolhem só a luz. Às vezes elas te entregam a luz. E te tiram o olhar.
E no final desta mensagem lhe digo (se é que alguém está a ler isto!) que nesse lugar em que em encontro basta escrever umas poucas palavras que o resto fica com a cabeça. Se de alguma maneira este escrito chegou a você creia que tudo que você viu comigo se originou de : Moscas, Asas, Cães, Gatos, Escuridão, Boca, Sinestesia e Solidão. E que na verdade a história que pra você se passou quem lhe criou foi a imaginação e provavelmente ela nem se passou comigo.

Grato pela atenção,
Nem me lembro de meu nome.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Um conto sobre a Sede

- Você poderia me dar um pouco de água?
Com essa frase rodando minha cabeça eu acordei uma certa noite. Transtornado. Procurei por água e não achei. Procurei as chaves de casa, não achei. Depois de muito procurar as vi sobre minha velha camisa de colégio. Logo ali perto encontrei um antigo poema que tinha lido em algum lugar e escrito num papel de pão, provavelmente ela tinha caído de cima do guarda-roupas:

sendo a vida uma incógnita
os professores são inúteis pra nos ensinar sobre ela
cada um sabe o que fazer
alguns escolhem uma passagem só de ida
outros escolhem ficar parados na janela
e apenas uns poucos procuram o que ser!

Eu vivo do que como
Eu como as minhas letras
Eu escrevo no papel com o que sobra
E espalho aos ouvidos as que engoli!

Sai como todos os dias a procura de mim. Fui ao banco. Comecei por lá. Sobe uma mesa discutiam um casal de senhores e uma atendente do banco. Discutiam sobre dividas. Pensei em como eu não tinha dividas. Pensei em como eu vivia solitário. Pensei nas cascatas do Iguaçu. Sabe-se lá porque eu pensei nessas cascatas tão distantes de mim. Talvez fosse uma mensagem de alguém. De alguma lugar de onde não se podia escrever cartas. Saí do banco andei pelas ruas dali de perto. Procurava pelas malditas letras. Algo que pudesse explicar a minha sede. Encontrei próximo a uma esquina um cartaz que dizia: “Não negue água!” Não havia ninguém por perto do cartaz. Havia apenas algumas moscas e uns trapos velhos jogados. Passei a pensar no porquê daquelas palavras satisfazerem minha sede naquele momento. Mais a frente descobri o porquê daquilo eu tinha bebido as letras daquele cartaz, elas não mais estavam lá. O que era um cartaz era agora apenas um pedaço de papelão. Lembrei da frase que ouvia na minha cabeça ao acordar. Era minha voz. Eu tinha sede e alguém me deu de beber. Depois de pensar nisso avistei uma multidão em volta de algo jogado no chão. Talvez fosse um acidente. Sinto uma vontade enorme de ver. Atravesso as pessoas. Era como se elas não existissem. Pareciam meros hologramas. Eis que olho no chão alguém morto de sede. Realmente morto. Esperando pelo IML. Suas vestes se montavam, como uma quebra-cabeças, àqueles trapos que encontrei perto do antigo cartaz que bebi. Aquele homem me deu o que beber. Talvez suas últimas palavras. Que ninguém mais leu. Que ninguém quis ouvir. E eu as bebi. “Você poderia me dar um pouco de água?” Era ele que pedia na verdade. Ele me deu o que matou a minha sede. E eu sou como aqueles que nunca o deram ouvidos. Passei por ele quantas vezes? Senti o olhar dele quantas vezes? Ele secou. Secou. E eu ando por aí sem saber o que fazer. Sem me dar um sentido. “Não negue água!” E eu continuo negando. Mas quando eu vou ser aquele a quem irão negar?

I.F.I.E.A. ainda é assim

pequenos passos ... homenagem a vc e àqueles que aprendem a andar!

Isso foi abstrato e inconsciente.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

e ainda publico sem título

sabem o que é dormir e sonhar com uma canção?
uma composição tua, que mesmo que soubesses passar para notas, te lembrasses a melodia, tu não conseguirias passar exatamente pela falta de memória onírica?
tenho tido estes tipos de sonho. sei que pode ser meio chato eu de novo postando algo que fale de sonhos, mas eu tinha que falar.
e sobre o que é na verdade as dores das cores?
não é nada depressivo. pra mim é bonito. pra mim rima.
basta apenas pensar na forma como se deve enxergar as dores, como enxergar a dança, perceber o meio, encontrar a forma.
ando meio desparafusado.
encontrando chateação.
e tento fazer um texto impessoal.
escrever um blog impessoal.
eu não tô falando de mim.
eu não tô falando de mim?
eu não tô falando de mim!
é claro que eu também tô falando de mim.
e de tudo.
não faço aqui crítica de filme.
nem ponho meu dia-a-dia, o que aliás seria bem chato.
e quando eu digo que escrevo coisas inúteis é talvez pq queira me livrar dessas coisas inúteis, tirá-las da minha cabeça.
eu nem falo delas diretamente.
eu nem to falando contigo que tá lendo.
eu tô falando pra mim mesmo.
Pro Allan Maués.
é!
só isso.
tem uma música tocando.
um ônibus passando.
é meia-noite.
não sei se penso ou paro de pensar.
não sei sei entendo Hugo Chavez.
nem porque eu danço como doido.
ou como faço graça vendo um drama.
só sei que escrevo.
sei que há algumas notas e escalas a aprender.
e meus sonhos não vão parar de tocar música.
e eu não to citando nem benjamin, nem foucault, nem jung.
nem quero saber por hoje da Indústria Cultural.
só quero escutar a música que passa pela minha cabeça e conseguir um dia gravá-la, mesmo sabendo que não é a mesma que eu sonhei ontem nem vai ser a de amanhã.
mas eu continuo ouvindo, e vc continua tentando ler, e pensando se eu tenho algum problema, e eu tentando te advinhar, e o mundo segue girando, e alguém pede por uma guerra, e alguém pede por um porre, e outro por um só momento de paz, ou um estágio, ou que o filho tome jeito.
eu só peço que eu saiba pensar e rezo. acredito na reza.
e tu tá esperando pra esse texto acabar ou ficou por consideração ou tentou entender ou simplesmente desistiu bem na hora que eu falei de sonho ou de Hugo Chavez.

aí vem os versos

passa pensamento
tempo
canção
voz
vento pensa lento
bem no meio do coração nada coerente.

aí vem a tal da frase que sempre vem

Isso foi abstrato e inconsciente.

e eu publico esse texto, assim como fiz com os outros e digo pra alguém entrar no meu blog, e espero que entre... aí vc pega a frase do título e encaixa bem aqui _____________________________ só na imaginação. finge que tá aí!

quinta-feira, 31 de maio de 2007

retirantes retirados estirados e por fim enterrados


















RETIRANTES PORTINARI


Carregando algo na cabeça. Uma trouxa de roupas pra criança segurar. Chapelão inscrito em sua testa. Medo estampado no rosto. Sentiu de perto o desgosto. Escravizado pelo suor. Escorrido em massas que se manifestam. Desconhecidos conhecidos de todos os anos. De campanhas eleitorais a campanhas publicas “publicizantes” do problema publico que não encontra solução sem pagar propina que é paga por impostos a impostores.
Do discurso narcotizante se tira o pó. Bate os sapatos gastos. Deixa o pó pra trás. Parte rumo ao desconhecido cinzento. Rumo a desgraça maior. Sem saber o que será. Todos bonecos de criança, com crianças e bonecos em seus colos. Carinho ao vivente e o inanimado que é feliz por não precisar comer nem sentir sede. Pés descalços em chão que queima. Calçados já não existem. De gastos se foram aos pastos, dos pastos ao osso, do osso nem pele. De pele e osso e carne, nem tanto. Encontrado em algum lugar comum. Em lugar nenhum. Em não-lugar. Em certo andar. A esperar. A se desesperar. A ver as horas passarem. A ver os ônibus pararem. A ver o lugar se movimentar. Não ter forças pra andar.
Se levantou. Continuou a caminhada. Chapéu marcando algo que parece vida. Palha. Fogo. Mata. Sem mata. Urubus a sobrevoar, aqui ou lá. Não importa onde está tem sempre alguém a lhe esperar. Seja animal ou seja homem. Tem sempre alguém com mais fome que ele. Ele sempre morre primeiro. De fome ou de alguma bala perdida ou de uma faca cravada no peito ao entrar na prisão por ter roubado um quilo de arroz. E nem sequer depôs. Mudo, ainda grita. Morto, ainda grita. Enterrado, ainda grita. Só o pó, calado ao vento.
Não precisa de versos
o oléo fala
a tela explica
o pó exercita
Isso foi abstrato e inconsciente, ainda que pensado conscientemente.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

ensaio já muito ensaiado ou aquilo que já foi dito sobre a vida e o cinema

Acordar. Enfrentar um dia de calor. Ônibus lotado. Parece que agora tudo eu posso esperar ouvindo música bem perto dos meus tímpanos. O fone de ouvido alcança uma dimensão íntima. Uma relação realmente individualizada com a música. Como se alguém me contasse um segredo bem ao pé do ouvido.
O segredo depende do dia. Pode ser em dias revoltos ouvindo os segredos berrados, ou um dia calmo ouvindo os segredos mais calmos e hipnotizantes que existem. E ao falar em hipnotizar me vem a cabeça uma idéia que revoltamente se desenvolve em meu cérebro, tomando forma do que parece ser um simples ensaio. Hipnotizar me lembra o cinema e suas incessantes imagens que acostumam nossos olhares para o que o mundo nos mostra todos os dias vivendo entre cortados de correria, como uma professora falou em certa aula sobre a idéia do cinema preparar o homem moderno para o choque diário que ele tem com as imagens da grande cidade. O choque com as pessoas, idéia aliás desenvolvida por um autor que já citei aqui.
O filme tem imagem e tem som. Tem uma trilha que faz seu papel de guiar as imagens, como se regessem a história que vemos no momento em que a música toca. Assim passa a ser a vida. Ando por aí. Muitas imagens a passar. Muitos frames. Agora canções embalam esses momentos. Agora parece que a vida é filme. Já disseram isso muitas vezes. Já passaram por isso muitas vezes. E passa um outdoor de novo. E um poste. Um mendigo ali sentado. Alguém esbarra em alguém. Nenhum dos alguéns nem se olha. Eu olho os dois. A música termina. Eles ficaram pra trás.

Noturno Arrabaleiro
Os grilos... o grilos... Meu Deus, se a gente
Pudesse
Puxar
Por uma
Perna
Um só
Grilo,
Se desfiariam todas as estrelas.

Mário Quintana

sem versos meus dessa vez

Isso continua sendo abstrato e inconsciente.

terça-feira, 22 de maio de 2007

da cor à dor à dor à cor há cor há dor: a cor e a dor.

Hoje fui perguntado sobre o por que do as cores das dores...bom, cores das dores é clara e simplesmente uma impressão minha sobre o mundo ao meu redor...surgiu de um poema que fiz...é! eu escrevo poemas...às vezes eles são só poemas às vezes eu encontro neles um pouco de poesia...não considero isso um desperdício de tempo...o que seria então gastar o tempo em algo mais útil?
talvez salvar o mundo.
existem muitas maneiras de tentar salvá-lo.
uma vez alguém muito importante me disse que eu precisava de um psicólogo...tvz eu me consulte com a minha prima...já que os psicólogos tem por código de ética não consultar parentes...ah, acho que todo mundo precisa de psicólogo, todo mundo não tem tempo de ir ao psicólogo, mesmo que seja você mesmo o psicólogo.
texto de auto-ajuda este aqui?
tvz sim
pq não?
se a gente não se ajudar quem vai?
então, "a dança das cores em meio as dores" foi algo que eu escrevi e achei que foi além de poema, foi além de forma, chegou a poesia, posso estar me super-estimando, quem sabe?
você ao ler isso pode achar que isso não tem nada a ver, que é besteira...então eu te digo que: isso também é a dança da dores em meio as cores, não é só uma rima, é quando a gente sofre, é quando eu sofro, é quando o mundo sofre, é quando a gente vê que é pobre, e num falando de algo material. Tvz seja isso: a gente precisa dançar na dor pra conseguir chegar à cor! e escrever tvz se insira na dor e na cor. Só isso.

colorir
destruir
insistir
abolir

Isso foi abstrato e inconsciente.

sábado, 19 de maio de 2007

[sonho--------contado----------explicado]

Eu dormia só em casa e tive um sonho que me fez despertar às exatas 3:04 da manhã...foi um sonho estranho, foi na verdade um sonho-poesia, se assim posso chamá-lo...nele eu recitava apenas quatro versos que apareciam claramente no sonho, mas que ao acordar se tornaram fragmentados e agora quando escreve me recordo que ao mesmo tempo que o recitava, as palavras que saiam da minha boca eram tornadas reais, era algo assim: eu tinha três notas de R$10,00, uma eu amassava, outra eu deixava normal e a terceira não sei ao certo o que fazia. Depois de fazer isso as lançava no ar e me perguntava qual das três chegaria ao chão primeiro, então elas caiam e chegavam ao chão, e quando isso acontecia a pergunta não mais importava, o que importava era que as três tinham caído e que o meu sofrimento não passava.
Acordei com os versos na cabeça para traduzir esse momento, mas aí eles se desfizeram aos poucos e não mais me lembro como faziam sentido ou se rimavam, se é que eles faziam algum sentido. Conto esse sonho agora. Não tive a quem contar logo depois que acordei e nem me lembrei de tentar pôr isso no papel. E se tivesse contado a alguém na hora que acordei, teria sido desleal com o sonho: "Nessa disposição, o relato sobre os sonhos é fatal, porque o homem, ainda conjurado pela metade ao mundo onírico, o trai em suas palavras e tem de contar com sua vingança. Dito modernamente: trai a si mesmo." Walter Benjamin - "Sala de desjejum"

Ainda bem que dormia só
ainda bem que não me trai
ainda bem que não te trai
ainda mal acordei!

Isso foi abstrato e inconsciente.

domingo, 13 de maio de 2007

das dores em poucas cores

No início não sei ao certo o que dizer ou escrever...
tenho visto muitos blogs e pessoas me falam de outros...
vejo muita crítica e eu mesmo critico...
acabo de fazer meu próprio blog....
não sei nem bem o porquê...tvz pq queira que alguém leia alguma coisa que eu venha a escrever e critique...e ache uma porcaria...sei que alguém vai achar legal...tenho até o nome desse alguém...e se forem "alguéns"?

crio o blog em poucas cores, na verdade em preto...
falo das dores porque elas não calam...
não são só minhas dores...
mas às vezes a gente finge enxergar cores onde não há nada mais que dores...

Isso foi abstrato e inconsciente.