quinta-feira, 8 de setembro de 2011

a paisagem

a paisagem do teu rosto revela mais do que escavações revelariam sobre a história da humanidade. encontro em uma olhada rápida as transformações iniciais do animal em ser pensante. percebo olhando mais atentamente quanto relevo possui a alma humana. a alma humana que não cessou de expandir. aquela alma que planta coisas imaginárias para colher frutos saborosos. teu olhar é o espelho pelo qual posso chegar a civilizações extintas. conheço o mundo antigo. enxergo por um momento a idade das trevas. reconheço o renascimento. me intrigo com a semelhança da tua íris e a íris dos telescópios. agora você enxerga distante. dentro de mim. sinto o calor do teus olhos chegarem até meu estômago. vivificadas as sombras do passado é hora de retornar ao presente, onde és o atual ponto de chegada de correntes que flutuam há muito tempo. tempos imemoriais que pra mim se tornam memória nova quando verifico que teu rosto é fotografia da evolução. e a evolução continua. e o envelhecer é a mudança da paisagem. e teu rosto passará para tua filha, e ela será a paisagem para alguém algum dia. e eu já serei parte da história. esquecido e relembrado.

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