quarta-feira, 23 de setembro de 2009

da perspectiva do funcionário público se vê o vegetal fértil

olhando de soslaio daqui do meu lugar cativo em frente ao computador. daqui eu pude ver. todo o tempo a mesma imagem. com pequenas mudanças de tonalidade. mudanças de luz. mas, principalmente mudança de idade. mais velha ficava ela. ela que um dia havia sido tão ativa - pelo menos é o que alguns dizem hoje. as rugas tomavam cada vez mais sua face gorda e cheia de pequenas manias tão dignas da idade e da quantidade de falta vontade existente naquele espírito.
cada vez que eu olho pouca coisa muda. uma árvore mude mais talvez. uma planta dá seu fruto e morre. mas ela permanece parada. não gera nada. se diz cansada. toma remédios controlados. não dorme. às vezes enche a cara de cerveja. e outras muitas vezes acaba dormindo.
esse vegetal que vejo a minha frente peço e rogo que não seja eu no futuro. mas parece que já sinto a mediocridade dominar meu espírito e tirar qualquer força que eu ainda possa ter.
o rosto não muda. apenas mais rugas
centrífuga do tempo.
visitas rápidas.
tudo parece tão lento, mas passa tão rápido.
eu continuo a digitar e a imagem que vejo permanece a mesma.
um dia tudo isso acaba para ela.
espero não tomar o seu lugar.
espero não me tornar esse vegetal seco e infértil.
mas o eterno cotidiano persiste.
em cada canto.
em cada via.
em cada gabinete.

medo.

Nenhum comentário: