dia 32
não sei a quem escrevo, mas a viagem tornou-se
insustentável.
não para mim. tornou-se
insustentável para o mundo.
cheguei do outro lado e encontrei alucinações desse lado daqui.
os espaços são invadidos a todo o momento por seres
fantasmagóricos cobertos de penas
e com sorrisos infantis. procuro ajuda da consciência e ela me nega.
procuro a salvação nas bússolas e ela se recusa a indicar o norte.
creio que estarei mais seguro debaixo das asas da
fênix. a pedra, em forma de
fênix,
localiza-se próxima ao coração deste lugar. cheio de muralhas. busco saltá-las.
cada vez pior. continuam a cair gotas de chuva. desilusão. perdi minha última esmeralda.
encontrei por aqui os fantasmas dos meus avós. escavei mais fundo e descobri o quanto é difícil
encontrar luz cavando-se para chegar do outro lado. não recomendo que se pegue o caminho da direita.
jovens que queiram se aventurar, fiquem junto de suas mães.
esqueçam seu passado, pois ao chegar aqui ele se torna um peso desnecessário.
notas de um viajante estranho