quarta-feira, 27 de junho de 2007

bukowski é lindo.
lynch tem se mostrado maluco.
eu penso em tcc.
penso em ter que trabalhar.
sabe, tudo se mostra muito repetitivo.
acho que eu já sabia que seria assim.
mas ainda assim é triste.
muito se fala.
muito se teoriza.
que que eu faço pra mudar?
olhei pra um cara na minha frente com um tênis da nike.
pensei na fetichização do produto.
aquele produto tem toda uma história de exploração do mão-de-obra barata.
mas no final ele tem vida própria.
vale o estilo e o status.
quis criticar.
foi aí que eu olhei pro meu pé. meu tênis era nike, também.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

continuação

quebrando as paredes encontrei um fosso.
entrei nele.
caí proxímo a uma árvore.
lá me deitei.
tinha um pouco de grama.
encontrei aquele velho mendigo.
encontrei as moscas.
os cães. os gatos.
e por fim a escuridão.
ma snão era o fim.
uma luz se aproximou.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

entre 4 paredes

ser engolido por uma parede.
já pensou?
é assim se sentir dentro de algo estranho, maciço.
as moléculas por lá ainda se mexem. cargas elétricas se trocam.
e um ser vivo humano lá dentro interligado com essa loucura em movimento e ainda sim parada.

depois passar pra uma segunda parede.

é assim que acontece. um dia num lugar. depois dentro de outro lugar. e depois de outro.
e sempre fazendo ligações moleculares. e trocando elétrons.
uma hora é a parede que está pensando por você. chega uma hora que não dá mais pra pensar.
chega uma hora que a hora de parar. e aí que tento sair. mas não consigo. me reviro. me bato. chuto. soco. e nada.

eis que surge uma terceira parede.

pareço nadar lá por dentro sem previsão de chegada.
e assim eu vou. assim você vai.
e isso não é uma visão pessimista. muito menos realista. e sim uma visão surrealista.
é.
tá acima daqui.
sei lá também.
vai que pode tá embaixo daqui.

e a quarta parede sem sorte de sair.
to dentro do meu quarto.

Isso foi muito abstrato e até estranho demais. Inconsciente.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Mensagem de um lugar que misturou meus sentidos

De Algum lugar escuro, alguma dia de um mês depois do mesmo ano - eu acho

Ai que eu ando por aí. E tem cães com moscas rodeando suas cabeças cheias de feridas e de um outro lado eis que surgem gatos prontos pra atacar os cães que estão por ora indefesos. Mas aí que como se tivessem sido dotadas de uma capacidade de fermento como dos bolos, como os que minha mãe costuma fazer nos aniversários, as moscas começam a se estufar os peitos e passam a crescer se tornado maiores e maiores. E seus olhos múltiplos cada vez mais múltiplos. E seu zumbido cada vez mais zumbido. E eu cada vez mais tonto. E elas voando e voando. E zumbindo. E engolindo os cães. E os gatos miando e sendo engolidos. A essa altura os cães não tinham mais força pra latir. E as moscas dominam o ambiente. Rodam cada vez mais rápido. Passo a enxergar minha vida em suas asas. E passa por demais rápido. E queima mais rápido ainda. E essas asas me apresentam uma tal de uma porra de sinestesia que me confunde os sentidos. Eu sinto o cheiro doce. E sinto cheiro doce é sinal que minha boca virou nariz ou vice-versa. Sinto a pele de minha amada como se a tocasse com os olhos. Então sendo assim enxergo com a pele. Passo a ouvir um som amargo. Meus ouvidos viraram bocas. Nessa conta maluca tenho mais bocas que qualquer outro órgão de meu corpo.
Uma figura estranha agora sou. E as moscas dão o nome daquele que me botou esse feitiço sisnetésico: o poeta. Figura singular que agora se encontrava em extinção. Agora via a história do mundo diante de meus olhos. Via os poetas sendo mortos. Alguns se refugiando. Os zumbidos cada vez mais zumbidos. Os ventos das asas cada vez mais rodopiantes e enlouquecedores. E minha vida. Essa passou rápido demais por entre as histórias dos reis e profetas e poetas e músicos e construtores civis. Minha vida era, então, menor que a vida destes que construíram algo. Eu construíra o que? Quase nada. Quem sabe construíra a asa das moscas que agora me infernizavam os pensamentos e sentimentos através de um processo que eu mesmo inventara: a abiogênese. Eu jogava algo sujo e eis que surgia uma mosca. Eu devo ter jogado muitas coisas sujas. As moscas são muitas e são enormes. E elas vieram me cobrar por tê-las criado. Ai que eu caio num buraco. Que não era buraco. Era algo como um olho de furacão. Veja que até o furacão tinha olho, e eu com quase tudo sendo boca e querendo sentir gosto em tudo. Eu caia e não parava de cair e nem dava sinais de que ia parar de cair. Então veio o silêncio. O julgamento talvez tivesse acabado. E eu tinha sido condenado. Agora meus olhos eram olhos. Meus ouvidos eram ouvidos. Meu nariz sentia cheiro. Minha pele queria te sentir. Só minha boca que sumira. Onde estava? Como sentiria gostos? Na verdade preferia meus olhos terem sumido já que agora estava em um ligar muito escuro e não precisaria mais deles.
O pior de tudo era querer gritar. E só pode fazer isso dentro de minha cabeça. Nem zumbido de moscas. Nem miados. Nem latidos. Nem estava mais andando. Que condenação! Escuridão sem boca. O por que? Pergunte as moscas. Faça isso por mim! Já que não posso mais falar e nem selar com um pouco de saliva esta pequena mensagem que mando do escuro. Sem saber se escrevo nos lugares certos. Nem se estou mesmo escrevendo. Mas só lhe peço uma coisa. Quando encontrares essas moscas pelo caminho vá para o lado dos cães, de alguma forma eu acho que mesmo sem latir eles podem te ajudar. E não se espante ao descobrir que talvez o seu lugar escuro pode não ser tão escuro. E que sua boca talvez permaneça com você. É que às vezes eu ainda ouço uns zumbidos. Elas não recolhem só a luz. Às vezes elas te entregam a luz. E te tiram o olhar.
E no final desta mensagem lhe digo (se é que alguém está a ler isto!) que nesse lugar em que em encontro basta escrever umas poucas palavras que o resto fica com a cabeça. Se de alguma maneira este escrito chegou a você creia que tudo que você viu comigo se originou de : Moscas, Asas, Cães, Gatos, Escuridão, Boca, Sinestesia e Solidão. E que na verdade a história que pra você se passou quem lhe criou foi a imaginação e provavelmente ela nem se passou comigo.

Grato pela atenção,
Nem me lembro de meu nome.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Um conto sobre a Sede

- Você poderia me dar um pouco de água?
Com essa frase rodando minha cabeça eu acordei uma certa noite. Transtornado. Procurei por água e não achei. Procurei as chaves de casa, não achei. Depois de muito procurar as vi sobre minha velha camisa de colégio. Logo ali perto encontrei um antigo poema que tinha lido em algum lugar e escrito num papel de pão, provavelmente ela tinha caído de cima do guarda-roupas:

sendo a vida uma incógnita
os professores são inúteis pra nos ensinar sobre ela
cada um sabe o que fazer
alguns escolhem uma passagem só de ida
outros escolhem ficar parados na janela
e apenas uns poucos procuram o que ser!

Eu vivo do que como
Eu como as minhas letras
Eu escrevo no papel com o que sobra
E espalho aos ouvidos as que engoli!

Sai como todos os dias a procura de mim. Fui ao banco. Comecei por lá. Sobe uma mesa discutiam um casal de senhores e uma atendente do banco. Discutiam sobre dividas. Pensei em como eu não tinha dividas. Pensei em como eu vivia solitário. Pensei nas cascatas do Iguaçu. Sabe-se lá porque eu pensei nessas cascatas tão distantes de mim. Talvez fosse uma mensagem de alguém. De alguma lugar de onde não se podia escrever cartas. Saí do banco andei pelas ruas dali de perto. Procurava pelas malditas letras. Algo que pudesse explicar a minha sede. Encontrei próximo a uma esquina um cartaz que dizia: “Não negue água!” Não havia ninguém por perto do cartaz. Havia apenas algumas moscas e uns trapos velhos jogados. Passei a pensar no porquê daquelas palavras satisfazerem minha sede naquele momento. Mais a frente descobri o porquê daquilo eu tinha bebido as letras daquele cartaz, elas não mais estavam lá. O que era um cartaz era agora apenas um pedaço de papelão. Lembrei da frase que ouvia na minha cabeça ao acordar. Era minha voz. Eu tinha sede e alguém me deu de beber. Depois de pensar nisso avistei uma multidão em volta de algo jogado no chão. Talvez fosse um acidente. Sinto uma vontade enorme de ver. Atravesso as pessoas. Era como se elas não existissem. Pareciam meros hologramas. Eis que olho no chão alguém morto de sede. Realmente morto. Esperando pelo IML. Suas vestes se montavam, como uma quebra-cabeças, àqueles trapos que encontrei perto do antigo cartaz que bebi. Aquele homem me deu o que beber. Talvez suas últimas palavras. Que ninguém mais leu. Que ninguém quis ouvir. E eu as bebi. “Você poderia me dar um pouco de água?” Era ele que pedia na verdade. Ele me deu o que matou a minha sede. E eu sou como aqueles que nunca o deram ouvidos. Passei por ele quantas vezes? Senti o olhar dele quantas vezes? Ele secou. Secou. E eu ando por aí sem saber o que fazer. Sem me dar um sentido. “Não negue água!” E eu continuo negando. Mas quando eu vou ser aquele a quem irão negar?

I.F.I.E.A. ainda é assim

pequenos passos ... homenagem a vc e àqueles que aprendem a andar!

Isso foi abstrato e inconsciente.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

e ainda publico sem título

sabem o que é dormir e sonhar com uma canção?
uma composição tua, que mesmo que soubesses passar para notas, te lembrasses a melodia, tu não conseguirias passar exatamente pela falta de memória onírica?
tenho tido estes tipos de sonho. sei que pode ser meio chato eu de novo postando algo que fale de sonhos, mas eu tinha que falar.
e sobre o que é na verdade as dores das cores?
não é nada depressivo. pra mim é bonito. pra mim rima.
basta apenas pensar na forma como se deve enxergar as dores, como enxergar a dança, perceber o meio, encontrar a forma.
ando meio desparafusado.
encontrando chateação.
e tento fazer um texto impessoal.
escrever um blog impessoal.
eu não tô falando de mim.
eu não tô falando de mim?
eu não tô falando de mim!
é claro que eu também tô falando de mim.
e de tudo.
não faço aqui crítica de filme.
nem ponho meu dia-a-dia, o que aliás seria bem chato.
e quando eu digo que escrevo coisas inúteis é talvez pq queira me livrar dessas coisas inúteis, tirá-las da minha cabeça.
eu nem falo delas diretamente.
eu nem to falando contigo que tá lendo.
eu tô falando pra mim mesmo.
Pro Allan Maués.
é!
só isso.
tem uma música tocando.
um ônibus passando.
é meia-noite.
não sei se penso ou paro de pensar.
não sei sei entendo Hugo Chavez.
nem porque eu danço como doido.
ou como faço graça vendo um drama.
só sei que escrevo.
sei que há algumas notas e escalas a aprender.
e meus sonhos não vão parar de tocar música.
e eu não to citando nem benjamin, nem foucault, nem jung.
nem quero saber por hoje da Indústria Cultural.
só quero escutar a música que passa pela minha cabeça e conseguir um dia gravá-la, mesmo sabendo que não é a mesma que eu sonhei ontem nem vai ser a de amanhã.
mas eu continuo ouvindo, e vc continua tentando ler, e pensando se eu tenho algum problema, e eu tentando te advinhar, e o mundo segue girando, e alguém pede por uma guerra, e alguém pede por um porre, e outro por um só momento de paz, ou um estágio, ou que o filho tome jeito.
eu só peço que eu saiba pensar e rezo. acredito na reza.
e tu tá esperando pra esse texto acabar ou ficou por consideração ou tentou entender ou simplesmente desistiu bem na hora que eu falei de sonho ou de Hugo Chavez.

aí vem os versos

passa pensamento
tempo
canção
voz
vento pensa lento
bem no meio do coração nada coerente.

aí vem a tal da frase que sempre vem

Isso foi abstrato e inconsciente.

e eu publico esse texto, assim como fiz com os outros e digo pra alguém entrar no meu blog, e espero que entre... aí vc pega a frase do título e encaixa bem aqui _____________________________ só na imaginação. finge que tá aí!